quarta-feira, 18 de agosto de 2010

"Mais forte do que pensava e no fundo... mais fraca..."

“Nada mais importava... Todas as memórias estavam ao rubro e todos os problemas eram-lhe confrontados. Seus olhos contemplavam-no num amor enriquecido de carinho e desejo. Tantas palavras sobressaltavam-lhe a mente mas nenhuma se atrevia a assombrar-lhe a voz. Seu olhar tremia pela ânsia dos lábios dele e a sua garganta era ferida por cada trave de sua saliva. Ele fitava-a sem ela se aperceber e ela escondia o medo e o receio que tinha de ele não a amar.”

Na última vez que tivemos juntos ultrapassei o meu próprio trauma. Tentei fugir da parte emocional, tornei-me fria e escondi-me de mim mesma. Com as lágrimas nos olhos não lhe pude dizer nada do que sei hoje sobre mim e menti-lhe. A única culpada era eu, só eu podia ser julgada por alinhar no jogo da emoção, do sentimento e do medo. Só eu poderia ser julgada, mais ninguém!
E tudo o que ganhei, eu perdi... Porque agora estou morta por dentro, estou completamente perdida dentro de mim mesma.


Quando o avistei, á porta do meu prédio, eu não me controlei. Só o queria abraçar, beijar, dizer-lhe quão falta ele me fez durante estas semanas e o quanto sofri por ele não estar. Sinto o coração a palpitar fortemente, a garganta arde, a saliva queima-me e só a sua presença acalmava-me a cada momento que passava (…)”

Tornei a vê-lo. Após ter conquistado tantas lutas dentro de mim, após ter desistido de lutar por mim mesma, ele apareceu... Fora como anestesia, fora como se tivessem curado a maior das minhas feridas, como se finalmente houvesse cura para o que eu sentia por dentro. A sua voz acalmou-me, a sua presença fizera todas as feridas adormecerem e nada mais se fez sentir dentro de mim, para alem do coração palpitar demasiado e de eu me sentir bem pela primeira vez em semanas.

Provei-lhe aquilo que me tornei, demonstrei-lhe que cresci e fiz-lhe ver que ele era aquilo que eu mais desejava em toda a minha vida. Apesar de ele não me ver com os olhos inchados, de não saber o quanto chorei por dentro e de nunca vir a saber quão profundas são estas feridas, eu vou lutar mais do que nunca por ele. Ele vai-se aperceber que é o meu primeiro pensamento do dia e o último da noite. E quando assim for vou fazer com que ele confie em mim e depois confiar eu nele, mais do que ninguém.
E de seguida sei que o amor se desvanecerá e que tudo por aquilo que passei não passará de um passado.
“ Não passa de mais um! Igual a todos os outros! Mais uma pessoa que criou desilusão, tristeza, amargura, infelicidade e que me fez aprender e renascer de novo para a vida!”
Hoje apercebi-me que ele se afastara. Só passara dois dias, mas ele estava estranho, tal como nunca estivera. Falou-me friamente, não parecia ele. Depois de me ter atirado todas aquelas pedras, depois de eu ter desconfiado ele era aquilo que eu mais odiava numa pessoa. Eu estranhei mas cai que nem uma burra, porque eu era assim, mas não era estúpida. E assim que as palavras dela me confrontaram, que a verdade avassalou por completo a minha alma eu pude ver tudo á minha volta, pude perceber o quão as pessoas são diferentes daquilo que aparentam, ainda mais do que o que achava. Mas agora passo a citar a o seguinte provérbio, ou ditado, o que quer que seja: “A vingança é um prato que se serve frio!” Então a partir de agora, a vingança que já existia dentro de mim, passa a ser ainda maior, passo a saber usá-la, por mais que doa, vou passar a não sentir nada. A ser aquilo que a mais ninguém dá jeito que eu seja. Passo a odiar cada pessoa que não conheço, passo a ver o mal em cada uma e passo a confrontar-me antes de agir. Agora, para além de ser pessoal, passa a ser uma crítica e uma manifestação de tudo o que aprendi e a partir de agora... Passo a ter a certeza que o amor não existe e que a perfeição e o final feliz nunca existiram e nem nunca existirá, principalmente no meu livro de vida.
Depois das palavras dele, das mentiras que ele me tentava convencer, eu estava redondamente furiosa. Precisava de o ver, de lhe olhar nos olhos e dizer a mim mesma o quão a minha consciência estava limpa. Pensar que ele fora o homem por quem me apaixonei e repetir mentalmente que ele era tudo aquilo que eu odeio, tudo aquilo que eu repugno, tudo aquilo por quem eu me iria vingar.
Agora, quem metia nojo era ele. Ele estava coberto de mentiras, de falsas palavras e acções. E as saudades que eu tinha do homem que me fez passar por parva. Mas como não sou estúpida e quem ri por último ri melhor, eu irei assustá-lo. Ele irá dizer que precisa mais de mim do que eu dele e eu irei esfregar-lhe na cara que tudo o que disse terá sido uma mentira, uma bela mentira que me conforta agora, agora que já não consigo dormir...

“ Ela só precisava de ter a certeza que não era verdade, só precisava de não se sentir traída, magoada e usada. Precisava que alguém a amparasse daquela dor que ela não controlava, sentou-se no alcatrão, sujo e imundo pela passagem do carro dele. Repetiu para ela mesma que ele era só mais um e tornou a jogar consigo mesma ao tentar convencer-se que ele não era nada para ela e que ela não passa daquilo que sempre foi…”

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