domingo, 21 de fevereiro de 2010

Momento

Todo aquele tempo os dedos permaneceram unidos, entrelaçados uns nos outros. Eram muito mais do que um simples “dar as mãos”, era muito mais que “entrelaçar os dedos”. Era sim, aquela ligação, aquele tudo ou nada para a vida, porque no fundo, era todo aquele sentimento representado num gesto. (Rita) As respirações ofegantes representavam algo que não queriam negar. O amor que ambos nutriam consumava-se num simples acto. O desejo realizava-se, o sonho tornara-se realidade. Tudo estava perfeito, tudo encaixava-se, tudo para ela fazia sentido, até ao mais ínfimo pormenor.
Ambos amavam-se, ambos acariciavam-se, ambos se acalmavam com a presença do outro. Sentiam que a cada objectivo, por mais impossível q fosse de alcançar, eles conseguiriam alcançar. Estavam fortes por dentro, por fora, capazes de derrubar tudo e todos. O cansaço não se comparava em nada com a felicidade, o sonho tornado realidade era agora amor, paixão, razão de viver. O passado era esquecido, o presente era afagado e o futuro era consumado.
E ali, deitados, na companhia da luz nocturna, eles dormiam, amavam-se, tocavam-se... (Eu)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Bela Mentira

Esta manhã levantei-me. Senti a minha amada ferida aberta, não por ter pensando naqueles momentos que nunca existiram, mas por realmente sentir-me a trair algo em que eu acreditava. Lembrei-me de prometer que esperava, que ficava ansiando a sua presença, mas assim não o fizera. Fechei a mão. Ergui toda a minha força e preguei um murro na mesa. Julguei-a ter partido, mas com a força da adrenalina não sentia dor alguma… Fechei os olhos, senti as lágrimas a percorrer o rosto. Lágrimas de desilusão, mentira e de algo mais secavam-me por dentro. A memória tornou a ser invadida… O teu rosto, o teu sorriso, o teu pequeno toque na minha pele, todas as recordações me arrepiaram.
A dor era tanta e o sofrimento ainda maior.
Pequenas gotas de sangue percorriam o meu braço. Estava com ele erguido para cima, sentia-o gélido. Perguntei-me se já se lembraria de mim, mas arrependi-me. Comecei a pensar, a chegar a conclusões que nunca deveria ter chegado. Agora segui em frente. Lavei a ferida da mão e o sangue que desta escorria pelo braço. Observei-me no espelho. Os olhos verdes acastanhados estavam inchados, vermelhos e que me davam um aspecto horrível. Sentei-me na sanita. Não sabia o que pensar, nem o que julgar daquela situação. Estava então a aperceber-me que se calhar a minha bela mentira, não passava mesmo disso: de uma bela mentira, criada pela minha mente.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Medos...


E se acabar tudo aquilo que nunca começou?
E se me apaixonei por algo que nunca existiu?
E se de alguma maneira, tudo acabasse sem se quer começar?
E se de súbito sentisse o mundo desabar sobre mim, o que eu faria?
E se a cada ar que o meu pulmão respira, o coração parasse?
E se me deitasse esta noite e não voltasse a acordar?
E se de um momento para o outro perdesse as minhas forças e todos os medos acontecessem?
Tantos medos, tantas vergonhas, tantos acontecimentos, tanta paixão…
O que faço se tudo virasse contra mim?
É o que sinto: o mundo inteiro vai desabar sobre mim e as perguntas continuarão cá. Esta noite não tenho intenções de me deitar, de dormir. Apetece-me chorar, dizer ao mundo inteiro que estou a morrer, a morrer a cada segundo que passa e que tu me ignoras. A morrer por dentro, fatigante e dolorosamente.
Sinto-me cansada de respirar, de lutar, de abrir os olhos e sentir que já não terei em quem mais pensar, não ter como por um sorriso no rosto, não ter como te sentir dentro de mim…
Estou assustada, penosamente arreliada.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

In love


Há já algum tempo que aqui não escrevo, algum tempo que não pego numa caneta e não deixo as letras serem desenhadas com toda uma máxima espontaneidade. Tive uma semana que achei que tinha perdido o dom, que pensei que a artista que há em mim teria desaparecido, num espaço de segundos.
Senti-me mal por não as poder revelar, por as esconder de mim mesma.
Envolvi as recordações com o meu pensamento e tentei escrever. Experimentei escrever em diversos sítios, diferentes situações e diferente isolamentos…
Tornei a ter medo de mim; de me perder, de me envolver em momentos perigosos com a saudade de escrever.
Tornei a escrever.
As letras não apareciam de forma natural e a confusão e o pânico tomaram conta de mim.
Corri na direcção dos teus braços, fugindo, esquecendo da dor que me fazia sentir isolada do meu dom.
Senti os teus lábios, e apaixonei-me.
Tornei a escrever.
E a dor de perder o meu dom agoniou-me. Tornei a pensar em ti.
As letras saltaram, rodopiaram numa roda constante de emoções. Pareciam perfeitamente alinhadas umas com as outras. As palavras faziam um sentido incrível, até para mim mesma.
Conjuguei as emoções com as recordações e alinhei-as em pequenas frases carregadas de paixão.
Parei de escrever.
Não fazia sentido. Escrevia algo que desconhecia, que era diferente do que aquilo que tinha vivido. Sentia-me usada, traída pela minha própria alma de artista.
Observei o meio em que me encontrava.
Onde estava. Sentia-me num lugar mais frio, mais isolado, mais escuro. Este era tão claro…
Perdi-me nos pensamentos. Esqueci a escrita. Fugi do meu auto-controlo. E comecei a abrir mão das emoções. Senti o sorriso a rasgar o meu rosto ao recordar os nossos primeiros beijos. Senti o calor do teu enorme corpo nas minhas mãos, estremeci de desejo por te ver.
Impulsionei-me para a frente e, com um sorriso na cara, recordei aquela noite. O meu corpo ansiava que lhe tocasses, que te lembrasses que ele estava ali por ti. Na luz do luar, que mal se notava, encontravam-se dois corpos a dormir. Um deles, ansiando para que o outro lhe mostrasse que a amava.