terça-feira, 28 de julho de 2009

Adeuz..=´D

Se há algo naquele rosto que eu nunca esquecerei é o seu sorriso – Pensei para mim.
Um longo dia de escola tinha passado e agora dirigia-me directa e apressadamente para casa. Imensas buzinas apitavam por trás de mim e eu não olhava para trás. Pequenas vozes de crianças a chorarem roçavam no meu ouvido sem despertar a mínima atenção da minha parte. Tudo o que fazia era simplesmente rever da memória as recordações e o desespero de não começar a chorar.
Já estava na minha rua e continuava a ouvir as buzinas por trás de mim até que o barulho do motor despertou-me. Era um carro elegante, grande e vistoso, estava a querer passar mas eu não deixei pois caminhei sempre no meio da estrada e sem me aperceber. Apresso-me a correr para o passeio e seguir em direcção ao meu prédio. Subi as escadas a correr e já a chorar.
Mal entrei em casa fui directa para o meu quarto, agarrei-me á almofada e desejei morrer. Desejei nunca mais respirar e isso causou-me transtorno durante os minutos que ali passei a chorar. Queria rever o rosto, as mãos e os lábios dele. Queria, desejava, ansiava por ele e isso estava a matar-me, a desfazer-me em pequenos pedaços fragmentados.
De pressa e sem certezas pego num casaco amarrotado que estava em cima da cadeira e na mala e saio de casa. Quando cheguei á rua não sabia para onde ia ou mesmo para onde me dirigia mas segui. Fui para a estação dos comboios, no fundo da minha rua e apanhei o comboio para Sintra.
Já na estação de Sintra, meia perdida saio da estação, sento-me no chão e ali fico durante meia hora até despertar dos pensamentos com a luz da lua e dos candeeiros.
Levanto-me e sou abordada por pessoas com pressa a dirigirem-se para a estação e eu sou empurrada por elas sem me aperceber que todo o meu corpo estava a ficar dorido com os encontrões. Sigo em frente e tento me desviar das pessoas com pressa e de todos que preferiam o mesmo passeio que eu. E as memórias começaram a consumir-me, de novo e eu deixo-me envolver nelas sem contrariar.
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- Estás…Estás linda! – Sua voz transmitia desejo e admiração.
- Oh, não estou nada! Isso é tudo aos teus olhos! Até me está largo, vês? – Puxei o vestido branco de lado para confirmar a minha teoria. E tentei não demonstrar uma imagem meiga sem saber o porque. – E para além do mais não me vais ver assim todos os dias, não te habitues!
Em resposta ele sorriu e eu sorri calmamente também. Mas Jared apresentava-se pensativo e se bem o conhecia ele estava a preparar alguma. Enquanto me penteava observei o seu corpo, o fato jovial cinzento assentava-lhe tão bem que mais parecia ter sido feito só para aquele corpo; a camisa branca e fina dava-lhe um toque de classe e o seu cabelo castanho-escuro brilhava devido ao gel que ele metera para fazer uma mini crista que lhe ficava melhor que ninguém.
Umas mãos tocaram na minha barriga, Jared estava por trás de mim e abraçou-me, encostando todo o seu corpo ao meu fazendo-me estremecer de desejo.
- Queres que te comprove o quanto és e estás bonita?
Puxou-me por um braço e levou-me até ao quarto de Sílvia e de Luís. Estávamos agora em frente ao espelho enorme que cobria uma parede inteira. Estávamos ambos a olhar para a figura daquela rapariga tão bem maquilhada e tão bem vestida. Estava admirada e perplexa com aquela rapariga. Aquela rapariga não parecia eu, era tudo menos eu.
- Vês? Que te disse? – Sua voz era calma e descontraída como se de todas as reacções que eu poderia ter ele já esperasse aquela.
- Pois. Realmente não pareço eu, a Sílvia tem mesmo muito jeito para transformar as “monstrinhas” em princesas. – Sorri.
- Tens uma piada! Vá vamos eles estão á nossa espera.
Levou-me apressadamente para a sala e só parou ansiosamente á frente de Luís e de Sílvia. Ambos ficaram a olhar para mim. Sílvia já esperara ver-me assim mas Luís ficara de boca aberta deixando-me perplexa coma reacção dele. Agora que penso nisso, será que sem maquilhagens e sem estar bem vestida eu sou assim tão feia? Bem, não quero pensar nessa questão.
- Vamos? – Inquiriu Jared enquanto eu fitava todos.
- Sim, vais tu com ela – apontou para mim - no teu carro e eu vou com a Sílvia para lá. Esperamos vocês lá, está bem? – Disse Luís para Jared.
Saímos da bela casa e Sílvia e Luís apressaram-se a sair deixando-me com Jared, sozinhos, no quintal.
Sua mão envolveu a minha cintura e arrastou o meu corpo de encontro ao seu. Sua boca estava a um milímetro da minha e o seu peito completamente enroscado no meu e eu sorria pela sensação que ele causava ao meu corpo. Observámo-nos intensamente até que seus lábios começaram por tocar-me levemente para depois consumirem os meus arduamente e delirantemente fazendo com que todo o meu corpo desejasse o dele intensamente.
Surpreendentemente ele pega-me ao colo e eu solto pequenos gemidos de surpresa enquanto ele se dirigia para dentro de casa. Agarro-me ao seu pescoço e beijei-o. Quando me apercebo estava-mos já deitados no sofá enquanto ele despia o seu casaco e eu lhe desapertava os botões da camisa impacientemente. Mas quando já ele estava de tronco nu e despíamos o meu vestido ele agarra nos meus pulsos com uma certa agressividade e ambos parámos. Encarei toda aquela situação com certa vergonha mas fiz um esforço enorme para não obedecer á minha vontade de fugir. Observei-o. A sua caixa torácica movia-se com rapidez e ele fazia um esforço enorme para se controlar.
Sem dizer nada nem tocar no assunto sai do sofá e apanha a camisa e veste-a lentamente enquanto me deixei ficar deitada no sofá á espera de uma explicação por parte dele. Mas ele evitava olhar para mim e continuou a vestir a camisa e depois o casaco sem se dirigir a mim directamente.
- O que foi? Porque…o que se passa? – Perguntei decidida a não negar mais nenhum assunto.
- Não foi nada. É só que eu e tu não devemos…
- Mas desculpa lá se isto fosse mesmo real eu não agiria assim mas pá! Estamos num sonho, supostamente podemos fazer o que quisermos, não? – Gritei. Naquele momento todos os sentimentos que tinha dentro de mim expeliram de uma só vez.
Respirei fundo e acalmei-me, enquanto Jared fitava-me estupefactamente.
- Desculpa-me. Eu não queria… foi sem querer…eu descontrolei-me.
-Tudo bem … Mas tens razão. Só que eu não… não me sinto apto agora, agora não. – Estava estranho, algo me escondia por de trás daquela mentira piedosa.
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Senti o cheiro a pão e a fome despertou-me. Estava em frente a uma pastelaria. Entrei e pedi um pastel de nata. Paguei e levei o pastel de nata comigo. Fui a comer pelo caminho e a observar todo o verde que ainda rodeia Sintra. Que saudades daquele matagal dos sonhos. E do pacifico que era andar por ali com o Jared.
Atravessei a passadeira sem ver se vinha algum carro até que oiço uma buzina. É um carro! Vem na minha direcção e eu, eu não me consigo mexer.
-Eu vou sair ilesa, vais ver! – Pensei.
De súbito não oiço nada, sinto uma leve pancada nos joelhos e de repente já não estava em pé, mas sim deitada a observar a lua e as estrelas. Sinto uma vontade enorme de adormecer. É isso… Vou fazê-lo, pode ser que assim morra o mais depressa possível. Até uma próxima.
- Amo-te Jared. – Disse em voz alta.