segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

In love


Há já algum tempo que aqui não escrevo, algum tempo que não pego numa caneta e não deixo as letras serem desenhadas com toda uma máxima espontaneidade. Tive uma semana que achei que tinha perdido o dom, que pensei que a artista que há em mim teria desaparecido, num espaço de segundos.
Senti-me mal por não as poder revelar, por as esconder de mim mesma.
Envolvi as recordações com o meu pensamento e tentei escrever. Experimentei escrever em diversos sítios, diferentes situações e diferente isolamentos…
Tornei a ter medo de mim; de me perder, de me envolver em momentos perigosos com a saudade de escrever.
Tornei a escrever.
As letras não apareciam de forma natural e a confusão e o pânico tomaram conta de mim.
Corri na direcção dos teus braços, fugindo, esquecendo da dor que me fazia sentir isolada do meu dom.
Senti os teus lábios, e apaixonei-me.
Tornei a escrever.
E a dor de perder o meu dom agoniou-me. Tornei a pensar em ti.
As letras saltaram, rodopiaram numa roda constante de emoções. Pareciam perfeitamente alinhadas umas com as outras. As palavras faziam um sentido incrível, até para mim mesma.
Conjuguei as emoções com as recordações e alinhei-as em pequenas frases carregadas de paixão.
Parei de escrever.
Não fazia sentido. Escrevia algo que desconhecia, que era diferente do que aquilo que tinha vivido. Sentia-me usada, traída pela minha própria alma de artista.
Observei o meio em que me encontrava.
Onde estava. Sentia-me num lugar mais frio, mais isolado, mais escuro. Este era tão claro…
Perdi-me nos pensamentos. Esqueci a escrita. Fugi do meu auto-controlo. E comecei a abrir mão das emoções. Senti o sorriso a rasgar o meu rosto ao recordar os nossos primeiros beijos. Senti o calor do teu enorme corpo nas minhas mãos, estremeci de desejo por te ver.
Impulsionei-me para a frente e, com um sorriso na cara, recordei aquela noite. O meu corpo ansiava que lhe tocasses, que te lembrasses que ele estava ali por ti. Na luz do luar, que mal se notava, encontravam-se dois corpos a dormir. Um deles, ansiando para que o outro lhe mostrasse que a amava.

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