quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Chuva de verão

Encontrava-me sentada num banco de jardim. Ouvia os pássaros cantar juntamente com alguns grilos e concentrava-me na música que me fazia relembrar-te. Observei inúmeros casais que por ali passavam. Imensos sorriam e outros limitavam-se a mostrar o amor que sentem um pelo outro. Voltei a relembrar-te. Seriamos nós assim? Não sei. Tentei apaziguar a minha paixão por ti, mas quanto mais envelheço e mais tempo passa após a tua morte mais me apaixono pelo homem que fostes. Imensas saudades me consomem mas tento afagá-las com recordações das nossas imensas noites de amor e de paixão e torno a apaixonar-me por ti. Eras um homem sensato, apaziguador e muito forte espiritualmente, eras o meu ídolo e ainda és. Lembras-te de quando éramos moços e fugimos á noite para namorarmos? Dizias-me coisas tão belas que me deixavas ardente de desejo pelo nosso futuro. E como esse futuro fora bom e feliz! E lembras-te quando passeávamos pelo jardim, pouco antes de nos casarmos, e dizias que cada flor, por mais bela que fosse, nunca se comparava á tremenda beleza que eu era para os teus olhos. Também me recordo que mesmo com as maiores dificuldades tu amaste-me e eu amei-te. Fomos felizes mesmo com o pouco que a vida nos dava, nós fomos felizes. Tenho saudades de me deitar á noite e te ver a dormir calmamente. Muitas saudades que nem uma chuva de verão poderá levar como te levara de mim.

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